Existe uma diferença muito grande entre ser um perfeccionista e ser um otimizador.
O perfeccionista é insaciável e paranóico (no sentido popular ou até clínico). Nunca está satisfeito, sempre procura erros em tudo e quando não encontra, inventa. É pessimista e depreciativo, deixa a todos tensos, as pessoas se cansam de se empenharem para fazer o melhor e nunca estar bom o suficiente. Ele busca obsessivamente uma perfeição inatingível. Por melhores que sejam os resultados ele ou ela se sente mal porque não ficou 100% do jeito que queria (nem 99% serve) e faz questão de que todos se sintam mal também. Sua motivação é negativa (fugir da dor), sente pavor de erros e exige demais de si mesmo e/ou dos outros. Assume objetivos grandes demais e/ou numerosos demais para ele. Quanto mais se esforça, mais frustrado fica. Alguns perfeccionistas inventam regras secretas arbitrárias que cobram de si e/ou dos outros. Sua atitude é auto-sabotadora, pois tende a multiplicar e piorar os erros e estreitar ainda mais as limitações.
O otimizador é diferente. Ele sabe elogiar ou pelo menos sinalizar que ficou satisfeito. Sua motivação é positiva (buscar a satisfação) sempre faz e nos incentiva a fazermos o melhor, a nunca reduzirmos nossos padrões sem motivo válido, a buscarmos a melhoria constante com equilíbrio e bom senso. Quer que tudo seja bem feito e possui elevados padrões, mas sabe lidar com as limitações e tolera erros aceitáveis. Ele busca o máximo e o melhor possível, estabelece metas desafiantes, porém alcançáveis sem extrapolações. Fica satisfeito com uma perfeição relativa.
Porém, muitas vezes o perfeccionista tem boas intenções. Talvez ele acredite ser um otimizador. Mas precisa rever seus conceitos e expectativas a respeito de si mesmo, das pessoas, do trabalho e da vida. Deve aprender a ser simplesmente feliz e a deixar os outros serem também. Tem que aprender a ter padrões e objetivos humanamente alcançáveis e a ser razoável tanto nas suas autocríticas quanto nas críticas que faz aos demais. Deve aprender a perdoar sinceramente a si próprio e aos outros. Precisa deixar de ser autocentrado e ansioso, centrar-se mais nos outros e praticar a serenidade. O negativismo do perfeccionista contagia e desanima as pessoas e suas exigências insaciáveis as esgotam. Além disso, se você faz algo melhor do que seus colegas e fica se lamentando, eles podem se sentir rebaixados.
Todos nós podemos cair no perfeccionismo. Se você possui certa tendência, deve tomar alguns cuidados. Reflita sobre que crenças levam você a ser perfeccionista e modifique essas crenças. Aprenda a identificar e interromper os pensamentos perfeccionistas assim que surgirem em sua mente. Selecione modelos (exemplos de pessoas que são otimizadoras sem serem perfeccionistas) e absorva pontos estratégicos do seu modo de pensar e agir. Procure descansar o suficiente e ter uma alimentação equilibrada todos os dias. Mexa-se, exercite o corpo. Reserve tempo para família, entretenimento, aprendizado, reflexão. Quando estiver preocupado, converse com um amigo. Delegue tarefas. Conheça seus limites físicos, emocionais e intelectuais.
Aprenda a diferenciar o que você pode mudar daquilo que não pode mudar, concentre-se no primeiro e aceite o segundo. Aprenda a dizer “não”. Saiba distinguir o que é essencial do que é importante e incidental. Estabeleça objetivos equilibrados no tamanho, na quantidade e nos prazos. Organize-se com bom senso para ser eficiente e poupar tempo, energia e outros recursos e evite ter uma agenda apertada demais. Pare de procrastinar e termine o que começar. Assimile os erros e imprevistos como lições e/ou como parte da vida. Acredite que seu valor como pessoa é incondicional e não depende de nenhum resultado. Cuidado com comparações indevidas. Cultive qualidades como serenidade e paciência. Seja bondoso consigo mesmo e com os outros. Mas cuidado para não ir ao outro extremo e se tornar acomodado e negligente.
Claro que tudo isso é muito mais fácil de falar do que de fazer. Portanto, evite ser perfeccionista no seu empenho de evitar o perfeccionismo!
A grande ironia é que os otimizadores, com seu equilíbrio e bom senso, em geral conseguem resultados melhores do que os perfeccionistas, em especial no longo prazo. E com certeza são muito mais felizes.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
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