quinta-feira, 5 de março de 2009

Custos Ocultos para as Empresas da Deficiência em Inteligência Emocional

Por que devemos nos interessar em desenvolver o nível de Inteligência Emocional (IE) na nossa empresa? É apenas uma questão humanitária ou causa impacto significativo na eficácia geral da organização?

Nossas emoções e as dos outros estão sempre presentes e nos influenciando. Porém, sua influência pode ser tão sutil e subconsciente que nem percebemos. Até certo ponto, um pouco de “toxidade emocional” é inevitável e mesmo benéfica. Mas se (apesar de evitável) ela for excessiva, prolongada demais e sem objetivo, causa diversos custos ocultos para a empresa, prejudicando sua competitividade. Os principais custos ocultos:

1- Rotatividade Excessiva

2- Absenteísmo

3- Menor Produtividade e Qualidade

4- Custos Médicos excessivos

5- Comportamentos Vingativos

6- Assédio Moral

7- Efeito Espanta-Talentos

O problema é que estes custos são muito gradativos, sutis e diluídos entre diversos outros fatores. Além disso, talvez a empresa tenha estas situações há tanto tempo que elas são consideradas normais. E se a empresa está tendo lucros apesar dessa conjuntura, as pessoas podem não ver necessidade de corrigi-la. Para muitos, falar de Inteligência Emocional e investir em seu desenvolvimento parece ser algo despropositado, sem relação com a vida profissional. Por fim, talvez não haja ainda muitos exemplos de empresas brasileiras altamente eficazes devido (entre outros fatores) aos seus elevados níveis de IE para servirem de modelos ou então as empresas em geral não compreendem que este é um dos ingredientes que fazem estas organizações serem plenamente eficazes e competitivas.

Podemos comparar com o proprietário de um carro com motor um pouco desregulado, mas que ainda está andando satisfatoriamente. O motorista não quer investir o tempo e recursos necessários para a manutenção, mas despercebe que na soma total está gastando muito mais com o desperdício de combustível e óleo, além da sua demora estar danificando o motor e tornando seu conserto cada vez mais caro.

Enquanto estamos concorrendo com “carros” igualmente desregulados, ainda é possível sobreviver e até prosperar. Mas quando começamos a concorrer com organizações altamente eficazes devido (entre outros fatores) ao seu nível de Inteligência Emocional, se não elevarmos nosso nível pessoal e organizacional, será cada vez mais difícil prosperar e até mesmo simplesmente sobreviver. Como ensina o professor Marins: “cada vez mais enfrentamos mais concorrentes com preços parecidos e qualidade semelhante” O diferenciador é a Inteligência Emocional.

Buscar a plenitude em qualquer aspecto (incluindo na Inteligência Emocional) pode requerer inicialmente esforços extras, mas no fim das contas fazer algo ótimo NÃO é mais difícil do que fazer algo bom e no longo prazo demanda menos sofrimentos e custos do que fazer algo medíocre. Praticar os princípios da Inteligência Emocional e da Programação Neurolingüística pode simplificar a nossa vida e nos tornar mais eficazes: obter o máximo de resultados aplicando apenas o tempo, esforços e recursos estritamente necessários, ao mesmo tempo em que preserva a capacidade de produzir e os bons relacionamentos. Como isso é possível?

Empreendendo um esforço pleno, constante e bem orientado. Estabelecendo metas alcançáveis, porém desafiantes e aprendendo novas estratégias para atingi-las. Refinando nossos sistemas de crenças e valores. Aprimorando nossos paradigmas por ampliar nossos conceitos sobre nós mesmos, as pessoas e a vida.

Administrando com a Inteligência Emocional

MCBROOM era um chefe intimador, cujo mau gênio intimidava os que trabalhavam com ele. Essa característica já seria ruim em um escritório, fábrica ou loja. Mas ele era piloto de uma empresa aérea. Um dia em 1978 o avião de McBroom aproximava-se do aeroporto quando ele notou um problema no trem de aterrissagem e adotou a manobra padrão de circular o campo em alta velocidade enquanto remexia no mecanismo. McBroom ficou tão obcecado com o trem de aterrissagem que não percebeu que o combustível estava acabando. Mas os co-pilotos tinham tanto medo da fúria dele que nada disseram, mesmo percebendo a tragédia iminente. Então o avião caiu, matando dez pessoas.

Hoje essa história real é contada como advertência nos treinamentos de segurança dos pilotos de empresas aéreas. Em 80% das quedas de avião os pilotos cometem erros que poderiam ser evitados, sobretudo se a tripulação trabalhasse com mais harmonia. O trabalho em equipe, linhas de comunicação abertas, cooperação, saber escutar e saber dizer o que pensa são enfatizados aos pilotos juntamente com as habilidades técnicas.

A cabine de um avião é um microcosmo de qualquer organização de trabalho. Mas sem o dramático feedback que é a queda de um avião, os efeitos destrutivos das deficiências emocionais passam em grande parte despercebidos pelos de fora da cena imediata. Porém, os custos ocultos podem ser lidos em sinais como menor produtividade, perdas de prazo, erros e acidentes e alta rotatividade. As deficiências em Inteligência Emocional no local de trabalho geram custos inevitáveis para o balanço financeiro de qualquer empresa. Quando essas deficiências se generalizam, os resultados podem ser muito graves.

O custo/benefício da Inteligência Emocional é uma idéia nova nas empresas e alguns administradores talvez considerem difícil de aceitar. A maioria acredita que o trabalho envolve e requer apenas o aspecto intelectual das pessoas, e não o aspecto emocional. Mais do que isso, muitos temem que cultivar competências como a empatia possa prejudicar o fluxo do trabalho, a tomada de decisões e a busca das metas.

Entretanto, as mudanças sócio-econômicas e o progresso científico levaram a um novo entendimento que muitas empresas já estão adotando. A nova realidade competitiva paradoxalmente requer elevados graus de cooperação e sinergia, o que exige maiores competências emocionais no local de trabalho e no Mercado. A Inteligência Emocional está sendo cada vez mais valorizada, mesmo que não se conheça ou não se utilize o termo. A hierarquia rígida com seus chefes dominadores pode fazer uma organização ser eficiente, mas não pode torná-la eficaz. A virtuose nas aptidões intra e interpessoais é o futuro.

Os efeitos da deficiência em Inteligência Emocional são bem evidentes se quisermos perceber. Quando as pessoas estão emocionalmente perturbadas, elas não se lembram bem, não acompanham mentalmente, não raciocinam direito, não aprendem com clareza e nem tomam decisões com equilíbrio e bom senso. O intelecto e as competências técnicas necessitam de equilíbrio e maturidade emocionais para funcionar com plena eficácia. A tensão emocional excessiva e constante torna as pessoas intelectualmente limitadas.

No lado positivo, imagine os benefícios para o trabalho das competências emocionais básicas: as capacidades de autoconsciência, autodisciplina, automotivação, entrar em estado de fluxo, empatia, comunicação, lidar com discordâncias, cooperação. A autêntica liderança não é dominação, mas a arte de persuadir as pessoas a trabalhar para um objetivo compartilhado. E para a administração da própria carreira é essencial reconhecer nossos mais profundos sentimentos, crenças e valores sobre o que fazemos e queremos fazer.

Três aplicações da Inteligência Emocional são especialmente importantes: (1) a habilidade de apresentar queixas de formas construtivas, (2) criar um ambiente em que a diversidade não seja apenas tolerada, mas valorizada e (3) as redes de ligação interpessoal.

(Adaptado do livro “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman)