Existe uma diferença muito grande entre ser um perfeccionista e ser um otimizador.
O perfeccionista é insaciável e paranóico (no sentido popular ou até clínico). Nunca está satisfeito, sempre procura erros em tudo e quando não encontra, inventa. É pessimista e depreciativo, deixa a todos tensos, as pessoas se cansam de se empenharem para fazer o melhor e nunca estar bom o suficiente. Ele busca obsessivamente uma perfeição inatingível. Por melhores que sejam os resultados ele ou ela se sente mal porque não ficou 100% do jeito que queria (nem 99% serve) e faz questão de que todos se sintam mal também. Sua motivação é negativa (fugir da dor), sente pavor de erros e exige demais de si mesmo e/ou dos outros. Assume objetivos grandes demais e/ou numerosos demais para ele. Quanto mais se esforça, mais frustrado fica. Alguns perfeccionistas inventam regras secretas arbitrárias que cobram de si e/ou dos outros. Sua atitude é auto-sabotadora, pois tende a multiplicar e piorar os erros e estreitar ainda mais as limitações.
O otimizador é diferente. Ele sabe elogiar ou pelo menos sinalizar que ficou satisfeito. Sua motivação é positiva (buscar a satisfação) sempre faz e nos incentiva a fazermos o melhor, a nunca reduzirmos nossos padrões sem motivo válido, a buscarmos a melhoria constante com equilíbrio e bom senso. Quer que tudo seja bem feito e possui elevados padrões, mas sabe lidar com as limitações e tolera erros aceitáveis. Ele busca o máximo e o melhor possível, estabelece metas desafiantes, porém alcançáveis sem extrapolações. Fica satisfeito com uma perfeição relativa.
Porém, muitas vezes o perfeccionista tem boas intenções. Talvez ele acredite ser um otimizador. Mas precisa rever seus conceitos e expectativas a respeito de si mesmo, das pessoas, do trabalho e da vida. Deve aprender a ser simplesmente feliz e a deixar os outros serem também. Tem que aprender a ter padrões e objetivos humanamente alcançáveis e a ser razoável tanto nas suas autocríticas quanto nas críticas que faz aos demais. Deve aprender a perdoar sinceramente a si próprio e aos outros. Precisa deixar de ser autocentrado e ansioso, centrar-se mais nos outros e praticar a serenidade. O negativismo do perfeccionista contagia e desanima as pessoas e suas exigências insaciáveis as esgotam. Além disso, se você faz algo melhor do que seus colegas e fica se lamentando, eles podem se sentir rebaixados.
Todos nós podemos cair no perfeccionismo. Se você possui certa tendência, deve tomar alguns cuidados. Reflita sobre que crenças levam você a ser perfeccionista e modifique essas crenças. Aprenda a identificar e interromper os pensamentos perfeccionistas assim que surgirem em sua mente. Selecione modelos (exemplos de pessoas que são otimizadoras sem serem perfeccionistas) e absorva pontos estratégicos do seu modo de pensar e agir. Procure descansar o suficiente e ter uma alimentação equilibrada todos os dias. Mexa-se, exercite o corpo. Reserve tempo para família, entretenimento, aprendizado, reflexão. Quando estiver preocupado, converse com um amigo. Delegue tarefas. Conheça seus limites físicos, emocionais e intelectuais.
Aprenda a diferenciar o que você pode mudar daquilo que não pode mudar, concentre-se no primeiro e aceite o segundo. Aprenda a dizer “não”. Saiba distinguir o que é essencial do que é importante e incidental. Estabeleça objetivos equilibrados no tamanho, na quantidade e nos prazos. Organize-se com bom senso para ser eficiente e poupar tempo, energia e outros recursos e evite ter uma agenda apertada demais. Pare de procrastinar e termine o que começar. Assimile os erros e imprevistos como lições e/ou como parte da vida. Acredite que seu valor como pessoa é incondicional e não depende de nenhum resultado. Cuidado com comparações indevidas. Cultive qualidades como serenidade e paciência. Seja bondoso consigo mesmo e com os outros. Mas cuidado para não ir ao outro extremo e se tornar acomodado e negligente.
Claro que tudo isso é muito mais fácil de falar do que de fazer. Portanto, evite ser perfeccionista no seu empenho de evitar o perfeccionismo!
A grande ironia é que os otimizadores, com seu equilíbrio e bom senso, em geral conseguem resultados melhores do que os perfeccionistas, em especial no longo prazo. E com certeza são muito mais felizes.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Planejamento Estratégico
Esse ano evidencia reservar desafios especiais para o país, para as empresas e para os profissionais. Porém, como em todos os períodos de crise, também podem surgir boas oportunidades para quem souber avaliar corretamente o Mercado e souber aproveitá-las.
O que faz uma empresa ser bem sucedida em períodos difíceis? Não existe resposta única nem fórmula padrão para o sucesso. Mas existem princípios que podem ser aplicados de forma específica a cada situação. Um ótimo ponto de partida é ter uma estratégia consistente para enfrentar as circunstâncias adversas e aproveitar as oportunidades. O Planejamento Estratégico é uma base para formular táticas para atingirmos nossas metas, pois possibilita um diálogo estruturado entre os gestores para especificar apuradamente nossa situação atual e decidir os melhores rumos a tomar diante das alternativas. E cada um de nós também pode fazer um Planejamento Estratégico para sua vida profissional e pessoal.
A elaboração de um Planejamento Estratégico parte do paradigma de que o futuro não está assegurado nem está predeterminado de forma fatalista. O futuro é construído gradualmente a cada momento e (embora não possamos controlar e sequer compreender todas as variáveis e determinar o amanhã) podemos influir ativamente nesta construção. O Planejamento Estratégico é composto de três etapas: (1) Avaliação Estratégica, (2) Definição de Metas e Prioridades e (3) Programação das Ações.
A Avaliação Estratégica consiste na enumeração dos principais Dificultadores Externos (ameaças) e Facilitadores Externos (oportunidades) encontrados no ambiente exterior micro e macro-econômico em que estamos inseridos e também na enumeração dos principais Dificultadores Internos (pontos fracos) e Facilitadores Internos (pontos fortes) no ambiente interno da organização que podem afetar nosso progresso hoje e no futuro.
A Definição de Metas e Prioridades estabelece objetivos de curto e longo prazo e identifica o que é essencial, o que é importante e o que é incidental nas nossas atividades em vista dessas metas, especificando aquilo que precisa ser feito com precedência diante das ameaças, oportunidades, pontos fracos e pontos fortes da empresa. Tudo em harmonia com os valores e a missão. É aqui que definimos os rumos gerais que devemos tomar.
A Programação das Ações responde a perguntas fundamentais para o sucesso do Planejamento Estratégico:
O que faz uma empresa ser bem sucedida em períodos difíceis? Não existe resposta única nem fórmula padrão para o sucesso. Mas existem princípios que podem ser aplicados de forma específica a cada situação. Um ótimo ponto de partida é ter uma estratégia consistente para enfrentar as circunstâncias adversas e aproveitar as oportunidades. O Planejamento Estratégico é uma base para formular táticas para atingirmos nossas metas, pois possibilita um diálogo estruturado entre os gestores para especificar apuradamente nossa situação atual e decidir os melhores rumos a tomar diante das alternativas. E cada um de nós também pode fazer um Planejamento Estratégico para sua vida profissional e pessoal.
A elaboração de um Planejamento Estratégico parte do paradigma de que o futuro não está assegurado nem está predeterminado de forma fatalista. O futuro é construído gradualmente a cada momento e (embora não possamos controlar e sequer compreender todas as variáveis e determinar o amanhã) podemos influir ativamente nesta construção. O Planejamento Estratégico é composto de três etapas: (1) Avaliação Estratégica, (2) Definição de Metas e Prioridades e (3) Programação das Ações.
A Avaliação Estratégica consiste na enumeração dos principais Dificultadores Externos (ameaças) e Facilitadores Externos (oportunidades) encontrados no ambiente exterior micro e macro-econômico em que estamos inseridos e também na enumeração dos principais Dificultadores Internos (pontos fracos) e Facilitadores Internos (pontos fortes) no ambiente interno da organização que podem afetar nosso progresso hoje e no futuro.
A Definição de Metas e Prioridades estabelece objetivos de curto e longo prazo e identifica o que é essencial, o que é importante e o que é incidental nas nossas atividades em vista dessas metas, especificando aquilo que precisa ser feito com precedência diante das ameaças, oportunidades, pontos fracos e pontos fortes da empresa. Tudo em harmonia com os valores e a missão. É aqui que definimos os rumos gerais que devemos tomar.
A Programação das Ações responde a perguntas fundamentais para o sucesso do Planejamento Estratégico:
1- Quem (os responsáveis);
2- Com Quem (equipe de apoio);
3- O Que (ações específicas);
4- Como (metodologias);
5- Onde (lugar);
6- Quando (tempo de início);
7- Quanto (tempo [prazos], dinheiro e outros recursos);
8- Por Quê (as bases teóricas que justificam as ações e a relação com os objetivos, valores e missão).
Obviamente, o Planejamento Estratégico por si só não garante o sucesso. Mas se for adequadamente elaborado, aplicado e monitorado, de preferência começando logo no início do ano, pode fazer grande diferença porque proporciona um direcionamento para os tomadores de decisões e para todos os envolvidos, algo especialmente necessário em épocas turbulentas.
Obviamente, o Planejamento Estratégico por si só não garante o sucesso. Mas se for adequadamente elaborado, aplicado e monitorado, de preferência começando logo no início do ano, pode fazer grande diferença porque proporciona um direcionamento para os tomadores de decisões e para todos os envolvidos, algo especialmente necessário em épocas turbulentas.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
RH Estratégico: Levando a Empresa a um Novo Nível de Pensamento
"Os problemas complexos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que foram criados" Albert Einstein
Talvez você já conheça grande parte das informações da primeira parte desta postagem. Ainda assim é interessante recapitularmos para entendermos o desenvolvimento histórico que leva às conclusões e sugestões que serão apresentadas.
Até o século 17 a Revolução Industrial ainda não havia começado e 75% da população do mundo vivia em regime de servidão. Até então, não existiam greves e processos trabalhistas como conhecemos hoje. No máximo havia revolta de camponeses. Mas antes disso já existiam associações de trabalhadores.
No século 18 começou a Revolução Industrial. Tanto administradores quanto operários ainda tinham a mentalidade de "senhor e escravo". As primeiras indústrias tinham condições horríveis. Para se ter uma idéia, no século 18 foi necessário estabelecer leis proibindo o trabalho de crianças menores de cinco anos e proibindo crianças menores de nove anos trabalharem mais de doze horas por dia. Os operários trabalhavam dezesseis horas por dia de segunda a sábado, literalmente dormiam do lado das máquinas, sofriam exigências absurdas e tinham pouquíssimos direitos. As pessoas eram vistas como animais subumanos, como máquinas descartáveis e como bandidos, objetos que deviam ser usados e jogados fora. Quando tentavam negociar melhores condições, não eram ouvidos. As greves eram tratadas como revoltas em um presídio e eram disputas de força
Uma federação trabalhista americana exigiu que, a partir de primeiro de maio de 1886 a jornada de trabalho fosse de oito horas por dia. A maioria dos empregadores não aceitou alegando que isso destruiria as indústrias. Neste ano e nos seguintes houve greves e tumultos e assim o dia primeiro de maio ficou marcado como o "Dia do Trabalhador". E quando a jornada de trabalho finalmente foi reduzida, os empregadores descobriram surpresos que um operário produz mais por hora trabalhando oito horas por dia do que trabalhando doze ou dezesseis. Ou seja, dar melhores condições aos trabalhadores podia se reverter em benefícios para a empresa. Empregadores e empregados começaram assim a ter os primeiros vislumbres, ainda muito difusos, do insight de que para um vencer não é necessário que o outro perca, que todos podemos vencer se cooperarmos e que (mais que isso) só podemos ter pleno sucesso se todos buscarmos o benefício mútuo.
A administração sempre existiu. Mas a partir de 1890 começou o Período Clássico da Administração Moderna, no qual a atividade administrativa se tornou profissionalizada e científica. Líderes como o engenheiro Frederick Taylor, o empreendedor Henry Ford, o psicólogo Abraham Maslow, o sociólogo Max Weber e outros contribuíram para que (1) o trabalho se tornasse sistematizado e coordenado, (2) a produtividade e os salários aumentassem, (3) fossem estabelecidos direitos e deveres equilibrados e sensatos, (4) fosse estabelecida uma padronização das normas e cargos e (5) se tomasse cuidado com as necessidades humanas dos trabalhadores.
Uma curiosidade é que hoje todo mundo vê a Burocracia como um mal, e do jeito que é hoje ela é mesmo. De fato uma burocracia rígida transforma uma empresa em uma versão empresarial de um país dominado por uma ditadura totalitária. Porém, a Burocracia foi um grande avanço na época para mudar a mentalidade da Era Agrícola para a Era Industrial e proporcionar uma estrutura formal, eficiente e moderna para as empresas. Mas estamos em um novo contexto e agora precisamos rever não apenas nossos métodos, mas também muitos conceitos subjacentes, atualizar nossos paradigmas.
A partir de 1950 começou a Era das Abordagens Contemporâneas da ADM. Essa Era se caracteriza pelo aprimoramento do uso da Ciência como ferramenta administrativa e da compreensão sócio-psicológica do trabalho.
Na década de 1960 o psicólogo Douglas McGregor apresentou a Teoria X e a Teoria Y. Os administradores que seguem a Teoria X acreditam que os trabalhadores são preguiçosos e irresponsáveis, requerendo supervisão constante e motivação externa. Já os administradores que seguem a Teoria Y acreditam que as pessoas podem ser comprometidas e automotivadas. Ele defendeu que essa perspectiva pode levar a um desempenho superior. Claro que este paradigma precisa ser adequadamente compreendido e aplicado, mas ainda assim é óbvio que no mínimo torna o ambiente de trabalho mais leve e agradável para todos, inclusive para os administradores e coordenadores de todos os níveis e setores. E um bom ambiente é um fator que torna a empresa mais competitiva no mercado por atrair e reter talentos que fazem diferença.
A Teoria dos Sistemas ajudou as pessoas a perceberem que uma empresa possui diversos setores e fatores que interagem e também ajudou a direcionar o foco para o ambiente externo. Nosso trabalho dentro da empresa não é um fim em si mesmo, mas visa produzir outputs ou sumos para o ambiente externo (produtos e serviços para o mercado), que retribui na forma dos inputs ou insumos (recursos financeiros, humanos, etc.) que o sistema (a empresa) necessita para preservar sua existência e prosperar. Portanto, nosso objetivo não é vigiar e controlar uns aos outros nem preservar cegamente as formas tradicionais de se realizar as tarefas, mas cooperarmos oferecendo orientação e apoio mútuos de modo a maximizar nossa eficácia em transformar os inputs em outputs. Junto com a Perspectiva Contingencial, a Teoria dos Sistemas ajudou a entender que dentro do que a lei e a ética permitem pode haver diversas maneiras de se atingir um objetivo e que às vezes é necessário mudar de estratégia.
Principalmente a partir de 1990, diversos fenômenos influíram nas relações no trabalho: Globalização, Qualidade Total, Reengenharia, Desenvolvimento Sustentável e as Organizações Inteligentes. Estamos saindo da Era Industrial e entrando na Era do Conhecimento. Enfrentamos muitos concorrentes com qualidade semelhante e preços parecidos. De modo geral os clientes são bem informados sobre suas opções e cada vez mais eles recusam o que (na percepção deles) é um produto/serviço barato, mas ruim, ou um produto/serviço ótimo, mas caro demais. Os clientes em geral querem um produto/serviço de boa qualidade a um preço razoável.
O QUE O RH DEVE FAZER?
O Departamento de Recursos Humanos tem o papel de mediador entre a Administração de uma empresa e os seus colaboradores e também de mediador entre todos os setores. O desafio do RH é ajudar todos os envolvidos a compreenderem a necessidade da mudança de paradigma para que haja sinergia.
Infelizmente, muitos administradores ainda encaram os colaboradores como seres inferiores, pessoas sem inteligência e mal-intencionados. Querem extrair o máximo deles que puderem e oferecer em troca só o mínimo obrigatório. Tratam os empregados como inimigos a serem vencidos e depois não entendem porque os colaboradores os vêem como antagonistas.
E muitos colaboradores ainda têm complexo de vítima impotente, querem só receber cada vez mais e contribuir cada vez menos. Simplesmente não compreendem que a empresa não possui máquina de dinheiro nem recebe ajuda externa, que para a empresa pagar os salários e benefícios ela depende de um saldo positivo constante e suficiente entre a entrada e saída de recursos e que eles (os colaboradores) desempenham um papel fundamental nestes resultados.
Além disso existem líderes bem-intencionados, mas paternalistas, que procuram ajudar e proteger as pessoas de formas que as impedem de amadurecer e de se desenvolverem como seres humanos e como profissionais.
E também existem aqueles elementos que não querem fazer nada de bom para melhorar a situação e não querem deixar outros fazerem, só sabem criticar, dividir, sabotar.
Uma casa dividida contra si mesma não pode continuar de pé. Se Administração e colaboradores de uma empresa se virem como inimigos a serem vencidos, vão dedicar um contra o outro um tempo e energia que deveriam ser canalizados para a satisfação do cliente e para a superação de si mesma e dos concorrentes. Simplesmente não dá mais para continuar com esse paradigma. Enquanto os clientes não tinham muitas opções e/ou informações e só enfrentávamos concorrentes medíocres em um ambiente externo simples e estável, ainda dava para sobreviver com estes antigos modos de pensar. Mas hoje em dia, conforme já dito, cada vez mais enfrentamos muitos concorrentes com preços parecidos e qualidade semelhante, com clientes bem-informados e exigentes e em um ambiente sócio-econômico complexo e mutável. O auto-aprimoramento e a mudança de paradigmas deixaram de ser opções viáveis e se tornam cada vez mais necessidades prementes se quisermos não apenas sobreviver e prosperar, mas ter vidas significativas.
Em conjunto com todas as gerências, o RH precisa promover condições dentro da empresa que tornem simplesmente desnecessários as greves e os processos trabalhistas, além da vigilância e controle rígidos. Condições que reduzam ao mínimo inevitável os desperdícios de tempo e outros recursos. Condições que reduzam ao mínimo inevitável o absenteísmo e a rotatividade, que previnam comportamentos vingativos e assédio moral e que maximizem a produtividade e a qualidade. Condições que atraiam e retenham talentos, que permitam o diálogo, que promovam o constante auto-aprimoramento individual e coletivo e que transformem a empresa em uma organização inteligente e eficaz na qual o todo realmente seja maior do que a soma de suas partes.
Para tanto, a cultura empresarial precisa ter duas características: ser pragmática e humanitária. O pragmatismo tem a ver com os resultados, ser não apenas eficiente, mas eficaz, produzir o máximo sem desperdício de recursos e mantendo a capacidade de produzir e os relacionamentos. O humanitarismo tem a ver com valorizar, proteger e desenvolver os seres humanos. E essas duas qualidades são interdependentes. Mais que isso, a cultura organizacional precisa ter uma mentalidade de apreço recíproco, da busca do benefício mútuo, de diálogo autêntico e de foco no longo prazo.
Não é fácil, mas é possível. Mais que isso, é o certo a fazer. Aceitar com equilíbrio e bom senso metas desafiantes que tragam benefícios a todos os envolvidos é o que fará de nós verdadeiros vencedores.
Talvez você já conheça grande parte das informações da primeira parte desta postagem. Ainda assim é interessante recapitularmos para entendermos o desenvolvimento histórico que leva às conclusões e sugestões que serão apresentadas.
Até o século 17 a Revolução Industrial ainda não havia começado e 75% da população do mundo vivia em regime de servidão. Até então, não existiam greves e processos trabalhistas como conhecemos hoje. No máximo havia revolta de camponeses. Mas antes disso já existiam associações de trabalhadores.
No século 18 começou a Revolução Industrial. Tanto administradores quanto operários ainda tinham a mentalidade de "senhor e escravo". As primeiras indústrias tinham condições horríveis. Para se ter uma idéia, no século 18 foi necessário estabelecer leis proibindo o trabalho de crianças menores de cinco anos e proibindo crianças menores de nove anos trabalharem mais de doze horas por dia. Os operários trabalhavam dezesseis horas por dia de segunda a sábado, literalmente dormiam do lado das máquinas, sofriam exigências absurdas e tinham pouquíssimos direitos. As pessoas eram vistas como animais subumanos, como máquinas descartáveis e como bandidos, objetos que deviam ser usados e jogados fora. Quando tentavam negociar melhores condições, não eram ouvidos. As greves eram tratadas como revoltas em um presídio e eram disputas de força
Uma federação trabalhista americana exigiu que, a partir de primeiro de maio de 1886 a jornada de trabalho fosse de oito horas por dia. A maioria dos empregadores não aceitou alegando que isso destruiria as indústrias. Neste ano e nos seguintes houve greves e tumultos e assim o dia primeiro de maio ficou marcado como o "Dia do Trabalhador". E quando a jornada de trabalho finalmente foi reduzida, os empregadores descobriram surpresos que um operário produz mais por hora trabalhando oito horas por dia do que trabalhando doze ou dezesseis. Ou seja, dar melhores condições aos trabalhadores podia se reverter em benefícios para a empresa. Empregadores e empregados começaram assim a ter os primeiros vislumbres, ainda muito difusos, do insight de que para um vencer não é necessário que o outro perca, que todos podemos vencer se cooperarmos e que (mais que isso) só podemos ter pleno sucesso se todos buscarmos o benefício mútuo.
A administração sempre existiu. Mas a partir de 1890 começou o Período Clássico da Administração Moderna, no qual a atividade administrativa se tornou profissionalizada e científica. Líderes como o engenheiro Frederick Taylor, o empreendedor Henry Ford, o psicólogo Abraham Maslow, o sociólogo Max Weber e outros contribuíram para que (1) o trabalho se tornasse sistematizado e coordenado, (2) a produtividade e os salários aumentassem, (3) fossem estabelecidos direitos e deveres equilibrados e sensatos, (4) fosse estabelecida uma padronização das normas e cargos e (5) se tomasse cuidado com as necessidades humanas dos trabalhadores.
Uma curiosidade é que hoje todo mundo vê a Burocracia como um mal, e do jeito que é hoje ela é mesmo. De fato uma burocracia rígida transforma uma empresa em uma versão empresarial de um país dominado por uma ditadura totalitária. Porém, a Burocracia foi um grande avanço na época para mudar a mentalidade da Era Agrícola para a Era Industrial e proporcionar uma estrutura formal, eficiente e moderna para as empresas. Mas estamos em um novo contexto e agora precisamos rever não apenas nossos métodos, mas também muitos conceitos subjacentes, atualizar nossos paradigmas.
A partir de 1950 começou a Era das Abordagens Contemporâneas da ADM. Essa Era se caracteriza pelo aprimoramento do uso da Ciência como ferramenta administrativa e da compreensão sócio-psicológica do trabalho.
Na década de 1960 o psicólogo Douglas McGregor apresentou a Teoria X e a Teoria Y. Os administradores que seguem a Teoria X acreditam que os trabalhadores são preguiçosos e irresponsáveis, requerendo supervisão constante e motivação externa. Já os administradores que seguem a Teoria Y acreditam que as pessoas podem ser comprometidas e automotivadas. Ele defendeu que essa perspectiva pode levar a um desempenho superior. Claro que este paradigma precisa ser adequadamente compreendido e aplicado, mas ainda assim é óbvio que no mínimo torna o ambiente de trabalho mais leve e agradável para todos, inclusive para os administradores e coordenadores de todos os níveis e setores. E um bom ambiente é um fator que torna a empresa mais competitiva no mercado por atrair e reter talentos que fazem diferença.
A Teoria dos Sistemas ajudou as pessoas a perceberem que uma empresa possui diversos setores e fatores que interagem e também ajudou a direcionar o foco para o ambiente externo. Nosso trabalho dentro da empresa não é um fim em si mesmo, mas visa produzir outputs ou sumos para o ambiente externo (produtos e serviços para o mercado), que retribui na forma dos inputs ou insumos (recursos financeiros, humanos, etc.) que o sistema (a empresa) necessita para preservar sua existência e prosperar. Portanto, nosso objetivo não é vigiar e controlar uns aos outros nem preservar cegamente as formas tradicionais de se realizar as tarefas, mas cooperarmos oferecendo orientação e apoio mútuos de modo a maximizar nossa eficácia em transformar os inputs em outputs. Junto com a Perspectiva Contingencial, a Teoria dos Sistemas ajudou a entender que dentro do que a lei e a ética permitem pode haver diversas maneiras de se atingir um objetivo e que às vezes é necessário mudar de estratégia.
Principalmente a partir de 1990, diversos fenômenos influíram nas relações no trabalho: Globalização, Qualidade Total, Reengenharia, Desenvolvimento Sustentável e as Organizações Inteligentes. Estamos saindo da Era Industrial e entrando na Era do Conhecimento. Enfrentamos muitos concorrentes com qualidade semelhante e preços parecidos. De modo geral os clientes são bem informados sobre suas opções e cada vez mais eles recusam o que (na percepção deles) é um produto/serviço barato, mas ruim, ou um produto/serviço ótimo, mas caro demais. Os clientes em geral querem um produto/serviço de boa qualidade a um preço razoável.
O QUE O RH DEVE FAZER?
O Departamento de Recursos Humanos tem o papel de mediador entre a Administração de uma empresa e os seus colaboradores e também de mediador entre todos os setores. O desafio do RH é ajudar todos os envolvidos a compreenderem a necessidade da mudança de paradigma para que haja sinergia.
Infelizmente, muitos administradores ainda encaram os colaboradores como seres inferiores, pessoas sem inteligência e mal-intencionados. Querem extrair o máximo deles que puderem e oferecer em troca só o mínimo obrigatório. Tratam os empregados como inimigos a serem vencidos e depois não entendem porque os colaboradores os vêem como antagonistas.
E muitos colaboradores ainda têm complexo de vítima impotente, querem só receber cada vez mais e contribuir cada vez menos. Simplesmente não compreendem que a empresa não possui máquina de dinheiro nem recebe ajuda externa, que para a empresa pagar os salários e benefícios ela depende de um saldo positivo constante e suficiente entre a entrada e saída de recursos e que eles (os colaboradores) desempenham um papel fundamental nestes resultados.
Além disso existem líderes bem-intencionados, mas paternalistas, que procuram ajudar e proteger as pessoas de formas que as impedem de amadurecer e de se desenvolverem como seres humanos e como profissionais.
E também existem aqueles elementos que não querem fazer nada de bom para melhorar a situação e não querem deixar outros fazerem, só sabem criticar, dividir, sabotar.
Uma casa dividida contra si mesma não pode continuar de pé. Se Administração e colaboradores de uma empresa se virem como inimigos a serem vencidos, vão dedicar um contra o outro um tempo e energia que deveriam ser canalizados para a satisfação do cliente e para a superação de si mesma e dos concorrentes. Simplesmente não dá mais para continuar com esse paradigma. Enquanto os clientes não tinham muitas opções e/ou informações e só enfrentávamos concorrentes medíocres em um ambiente externo simples e estável, ainda dava para sobreviver com estes antigos modos de pensar. Mas hoje em dia, conforme já dito, cada vez mais enfrentamos muitos concorrentes com preços parecidos e qualidade semelhante, com clientes bem-informados e exigentes e em um ambiente sócio-econômico complexo e mutável. O auto-aprimoramento e a mudança de paradigmas deixaram de ser opções viáveis e se tornam cada vez mais necessidades prementes se quisermos não apenas sobreviver e prosperar, mas ter vidas significativas.
Em conjunto com todas as gerências, o RH precisa promover condições dentro da empresa que tornem simplesmente desnecessários as greves e os processos trabalhistas, além da vigilância e controle rígidos. Condições que reduzam ao mínimo inevitável os desperdícios de tempo e outros recursos. Condições que reduzam ao mínimo inevitável o absenteísmo e a rotatividade, que previnam comportamentos vingativos e assédio moral e que maximizem a produtividade e a qualidade. Condições que atraiam e retenham talentos, que permitam o diálogo, que promovam o constante auto-aprimoramento individual e coletivo e que transformem a empresa em uma organização inteligente e eficaz na qual o todo realmente seja maior do que a soma de suas partes.
Para tanto, a cultura empresarial precisa ter duas características: ser pragmática e humanitária. O pragmatismo tem a ver com os resultados, ser não apenas eficiente, mas eficaz, produzir o máximo sem desperdício de recursos e mantendo a capacidade de produzir e os relacionamentos. O humanitarismo tem a ver com valorizar, proteger e desenvolver os seres humanos. E essas duas qualidades são interdependentes. Mais que isso, a cultura organizacional precisa ter uma mentalidade de apreço recíproco, da busca do benefício mútuo, de diálogo autêntico e de foco no longo prazo.
Não é fácil, mas é possível. Mais que isso, é o certo a fazer. Aceitar com equilíbrio e bom senso metas desafiantes que tragam benefícios a todos os envolvidos é o que fará de nós verdadeiros vencedores.
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